Falamos uma língua diferente lotada de variedades e variações, porém, mesmo estando em constantes mudanças, a língua portuguesa falada no Brasil vem sendo pregada como única e paradigmática. Sabemos que a o português brasileiro é composto por várias línguas, de diferentes regiões e o que vai se diferenciar é o privilégio que é dado a cada variação linguística.
O "nordestinês" é um dos mais criticados e "mangados" ( mangar > verbo tipicamente nordestino) pela mídia, que ao invés de lutar pela transmissão de notícia e de conteúdo livres (certo que não totalmente) de cargas opinárias pertencentes de um lado e de outro, passa a expor opiniões e caracterizações estereotipadas das classes vistas como desculturais, pelos que detém todo poder.
Lutamos contra a xenofobia dos que pertencem à essas classes e contra aos que ridicularizam sotaques e fazem questão de transferir toda a nossa imagem como parte de programas humorísticos decadentes com piadas sem graça sobre nordestinos e caipiras que, ou pertencem a classe "ralé" e depois enricam, mesmo assim são mangados; ou são domésticas e figurantes em novelas; ou são humoristas famosos que ridicularizam a si próprios para satisfazerem às risadas da classe dominante e fortalecerem esses estereótipos ridículos e sem nenhuma graça ( pra mim).
Todos têm o direito a manisfestar sua cultura e viver tanto em sua terra, como fora dela, sem ser obrigado e impulsionado a achar que só será feliz na "terrinha", como podemos ver isso embutido em programas de TV que ligam diretamente a infelicidade à uma tentativa mal sucedida em lugares como São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, defendem o discurso de que o pobre tem que voltar para o lugar de onde veio (ou seja o nordeste, na visão deles) e que seria muito melhor que nunca tivesse saído de onde nasceu. É esse o discurso que vemos todos os domingos na rede aberta de televisão.
Tive a oportunidade de conhecer pessoas que não tem noção geográfica sobre o Brasil e acham que podem enquadrar, no Brasil, conceitos do tipo: nordeste= seca; norte= floresta; Centro-Oeste = mato; sudeste = civilização e sul = modelo de mulher.
O pior de tudo que eu já ouvi, foi uma surpresa como: "nossa, nem sabia que aqui tinha praia, eu pensava que era sertão e 'tinha' aqueles menininhos com chapéu de couro na cabeça e montado em cima de um burro!" .
É, queridos amigos, não posso culpá-lo ( mesmo sendo essa pessoa um vereador de uma cidade do interior de São Paulo). A mídia influencia diariamente as notícias "globais" e é um "record" em passar conteúdos, que não edificam, e sim, constroem estereótipos das classes desfavorecidas culturalmente.
Ass: Elienai Soares :S
Pois é, Elienai,
ResponderExcluirDe fato, enquanto nordestinos somos ridicularizados em programas de TV e em piadas. Nordestino é sinônimo de ignorância, falar engraçado e viver sem água (isso quando não é cangaceiro ou bandido!).
Acho que nosso papel, para não permitir a permanência desta imagem, é agir de modo diferente: sem discriminar outras regiões do Brasil, ou mangar do sotaque alheio, ou mesmo vincular a este ou aquele grupo uma pecha. Acredito que só se pode mudar o outro sendo diferente e esta diferença deve ser refletida não só em atos, mas em palavras também
Parabéns pelo texto e pela exposição de sua indignação.
Abraço!
Obrigada Wesslen,
ResponderExcluirPor sua opinião, por seu comentário.
Fico mesmo indignada por isso acontecer conosco, de uma forma geral.
Muito boa a sua colocação sobre essa questão.
Abraço.